De tanto ouvir falar no fenômeno literário Crepúsculo, resolvi dar uma espiada. Muita gente implicava com ele, mas eu não queria formar uma opinião sem ter lido. Daí fui lá, baixei o primeiro livro e fui lendo, em doses homeopáticas.
É verdade que o e-book que eu baixei ajudou muito a aumentar o meu pé atrás. Nunca li uma tradução tão mal feita: com erros de português e frases como “eu encarei ele”. Deve ter sido feita por algum adolescente que não quis esperar a versão em português chegar às lojas. Horrível, mas deu para ler.
A história começa com a chegada de Bella Swan a uma cidadezinha minúscula em Washignton, Estados Unidos, onde chove quase o tempo todo. Bella foi para Forks (o nome da cidade) para morar com o pai, com quem ela não tinha muita intimidade.
Na escola, ela conhece Edward Cullen e seus “irmãos”. Edward Cullen, seus irmãos e todo o resto da família são vampiros, como Bella descobre depois. Vampiros bonzinhos, que não se alimentam de sangue humano e preferem caçar animais para se alimentar, mas sem causar danos ao ecossistema. Bocejos. E são lindos, perfeitos, parecem ter saído de uma revista – como a autora faz questão de dizer a cada dez linhas.
No geral, tudo se resume a isso: repetição. A autora parece não se convencer de que os leitores têm uma boa memória. “Edward é lindo”, “Edward é perfeito”, “Edward deu um sorriso torto (oi?)”, “Eu sou muito perigoso para você, Bella”, “Eu sou muito desastrada” e frases parecidas são encontradas ao longo de todo o livro.
Parece que a gente está lendo a Capricho ou os nossos diários de adolescente. “Vi Edward na escola hoje e ele estava lindo como sempre”. Troque o nome dele pelo garoto que você idolatrava na quinta série e o resultado é o mesmo.
Enfim, perdi um tempão tentando entender os motivos pelos quais esse livro virou sucesso e não consegui. Ok, tem romance, que é muito atrativo para as meninas. Tem histórias de vampiro, para agradar aos meninos. Mas ação, mesmo, só acontece no final.
Não gostei, não me diverti, mas sobrevivi. E aprendi duas coisas:
a) Edward Cullen é lindo;
b) Não tenho mais idade para ler romances bobos.
Chatúsculo
Inverno é chique!
Ah, que beleza que é o inverno! Comer pinhão. Passear na Serra. Tomar chocolate quente na frente da lareira. Dormir com um edredom de penas de ganso. Usar casacos de lã uruguaia (os mais quentinhos que existem). Comprar um chapéu estiloso. Assistir a um bom filme enrolado numa manta. Comer, comer, comer! Ninguém fica suando. A chapinha e a escova duram mais. As pessoas se arrumam melhor. Inverno é chique!
Sim, inverno é chique! Não há nada mais elegante do que uma tosse encatarrada. Aposto que isso atrai o sexo oposto mais do que qualquer outro artifício. Você dá aquele olhar de soslaio, joga o cabelo e tosse, tosse, tosse, até o rosto ficar vermelho e saírem lágrimas dos olhos. Quanto mais catarro o seu pulmão tiver, melhor. Assim, quem sabe, você pode até dar uma cusparada no chão. Ou num lenço, vá lá. Chique de doer. Sexy a não mais poder.
Se você tiver sorte, mas sorte mesmo, pode até ir parar no Pronto Socorro. As chances de conhecer o amor da sua vida lá são grandes. Quanto mais frio, mais gente doente. E, saindo do PS, os pombinhos podem dividir o mesmo nebulizador, o mesmo xarope e trocar informações sobre catarro, crises de rinite e coriza. O amor é lindo, e se sobreviver a tanta escatologia, é verdadeiro.
Outra coisa podre de chique, no inverno, são as roupas. Você veste uma calça jeans, uma blusa de lã e um casaco pesado por cima, além de um cachecol. Isso é o que os outros vêem e talvez admirem. O que eles não sabem é que, por baixo de toda essa elegância, há: uma camiseta de manga longa, um blusão de lã mais fininho, uma meia-calça fio 40, uma calça de lã (ou pior ainda: uma ceroula!) e um par de meias três-quartos. Inexplicavelmente, mesmo com tanta roupa, você ainda treme feito vara verde. Tremer é chique? Andar com um monte de roupas que não combinam, uma por cima da outra, é chique? E num encontro amoroso, desabotoar a calça de alguém e dar de cara com uma ceroula é excitante? Tenho cá minhas dúvidas...
Existe só uma coisa que consegue ser pior do que as doenças respiratórias e a montanha de roupas que temos de usar durante o inverno: andar de ônibus. “Ah, mas no inverno as pessoas não suam!”. Quem diz isso está mentindo. Que eu saiba, as glândulas sudoríparas não hibernam. Elas continuam trabalhando direitinho, seja lá qual for a estação do ano. As pessoas suam, sim. E com um agravante: usam roupas de lã, quase sempre sintéticas, que ficam impregnadas com qualquer cheiro ruim, seja catinga, seja excesso de perfume. Para piorar a situação, existem os “enforcadores de banho”, que evitam a todo custo entrar em contato com água, assim que aquela frente fria chega da Argentina.
E o ônibus, nessa história toda? No transporte coletivo, além dos enforcadores de banho, encontramos também aqueles que derretem com pingos de chuva e aqueles que têm medo de vento. Logo, todas as janelas do veículo estarão fechadas. Os passageiros, como se não bastasse a imensa alegria de sofrer com a falta de higiene alheia, também têm grandes chances de pegar alguma doença respiratória, devido ao ar viciado e a aglomeração de gente encatarrada. Ou seja, tudo conspira para que você conheça o grande amor da sua vida no Pronto-Socorro. Inverno é ou não é uma coisa linda?
Inverno é chique, sim. Para quem mora num Estado onde não faz frio de verdade. Ou para quem pensa que a vida, em tempos de frio, se resume a tomar chocolate quente na frente da lareira. Quem dera fosse, minha gente!
(O inverno ainda não começou, mas já tivemos o primeiro dia de frio do ano. Pensando nisso e no que está por vir, lembrei deste texto que escrevi ano passado no Talicoisa. Gostaria de morar num lugar onde faz calor o ano todo...)
Você não vale nada, mas eu gosto de você
Querida Colorama, tenho uma dúvida: em quantos DIAS, depois de pintar as unhas, posso tomar banho? Devo providenciar luvas cirúrgicas? E se chover?
Pintei as unhas hoje de manhã e acabei de sair do banho. Duas delas saíram inteiras debaixo do chuveiro e as outras soltaram micro-lascas. Que ódio.
O que adianta fazer cores lindas, se elas só servem para colorir o algodão? Sim, porque eu vou tirar tudo e pintar de novo. Com outra marca. Tô de mal.
Beijinhos.