Sempre que eu vejo um avião decolando, faço três coisas: paro para observar, desejo boa sorte para quem estiver lá dentro e fico imaginando para onde ele vai.
Sempre que eu ando pelo centro de Porto Alegre, penso que estou em um imenso camelódromo e me pergunto se um dia aquela parte da cidade vai ser apresentável.
Sempre que alguém me pergunta alguma coisa que eu não quero responder, peço para a pessoa repetir, para ganhar tempo.
Sempre que "I want to hold your hand", dos Beatles, começa a tocar, sinto um arrepio na espinha. E a música nem é das mais lindas.
Sempre que eu ouço AC/DC, concluo que não fazem mais rock assim no mundo.
Sempre fico desesperada, quando, num filme, algum personagem passa vergonha. Sentir vergonha alheia me incomoda muito, não sei se rio ou se choro. Dois exemplos: a cena de Um Grande Garoto, quando o menininho inventa de cantar "Killing me softly" na escola e a roupa que o Rony Weasley usa para ir ao baile, em Harry Potter e o Cálice de Fogo.
Sempre que eu vejo uma criança fazer alguma coisa errada, tipo jogar papel no chão, observo a reação da mãe. Ultimamente, as mães só têm me decepcionado. Ninguém corrige mais os filhos?
Sempre que alguém diz “Eu, enquanto ser humano...”, tenho vontade de morrer. Para meu desespero, na última palestra em que fui, a palestrante falou isso várias vezes. Será que ela não percebe que “enquanto” é uma palavra que indica transitoriedade? Nós não “estamos” seres humanos, nós somos seres humanos, até segunda ordem.
Sempre que eu vejo algum filme com o Hugh Grant – e eu faço isso bastante - chego à conclusão de que ele é o homem mais charmoso da galáxia.
Sempre que eu saio de casa e vejo as outras mulheres na rua, penso que eu poderia ter me arrumado melhor. Passado pelo menos um batonzinho. Mas fica sempre para a próxima...
Sempre a mesma coisa...
Alguém faz parar?
Estou completamente viciada na música "Run", do Snow Patrol. Já ouvi milhares de vezes, só neste final de semana. É tão linda e tão triste... Ai, ai.
Por enquanto, ainda não a coloquei no mp3, porque aí já seria loucura. Prometo que vou ouvir só mais uma vez, antes de dormir.
Segunda-feira do barulho
Não sou daquelas pessoas que odeiam segunda-feira. Fico bem pior no domingo à noite. Segunda-feira é um mal necessário. Só que, hoje, foi de lascar.
1- Não dormi direito. Nunca consigo dormir bem de domingo para segunda, sabe-se lá porquê. Passei o dia meio aérea, “zumbizando”, como costumo dizer.
2- De manhã, ao levantar, consegui derrubar meus óculos no chão, pisar em cima deles e quebrar a armação e as lentes.
3- Meus óculos sobressalentes, meio antigos, acho que nem me servem mais. Meu grau já deve ter aumentado. E a armação é horrenda, uma mistura de Harry Potter e uma coruja velha. Logo...
4- Fui trabalhar sem óculos mesmo, porque nem morta que eu sairia de casa com aquilo no meio da cara. E, se eu fosse colocar lentes, àquela hora, chegaria atrasada.
5- Passei a manhã toda com a cara quase encostada no computador, para poder trabalhar. Só fui colocar as lentes na hora do almoço. Ainda nem quis parar para pensar em ter de fazer óculos novos. Não queria gastar esse dinheiro agora.
6- À tarde, sabe-se lá por que raios, minha pressão caiu. Nem é verão ainda! Fiquei ainda mais mole do que já estava.
7- Aliás, não agüento mais inverno. Estamos no meio de setembro e nada desse senhor chato ir embora. Primavera já!
8- Depois do trabalho, fui à locadora devolver dois filmes e... cadê o dinheiro? Esqueci de pegar. Tive que voltar para casa, pedir emprestado e voltar lá. Todo o estabelecimento deveria aceitar cartão de débito. Bando de retrógrados.
9- Chegando em casa, querendo um pouco de paz e sossego, tive outra surperesa. Minha mãe resolveu comprar dois passarinhos. Odeio pássaros engaiolados, morro de pena. Mas o pior nem é isso: meus cachorros não param de latir e de chorar. Será que hoje vou conseguir dormir?
10- Para completar, todas as minhas unhas estão quebradas ou quebrando, estou sem tempo de ir à manicure, notei um fiozão branco nos meus cabelos e a minha colega não vai trabalhar amanhã.
O lado bom (sempre existe um lado bom, tenha fé!) é que a segunda-feira já está no fim. E a lua está linda, maravilhosa e cheia lá no céu. Olhando para mim e rindo da minha cara.
Educando as novas gerações
Amon Raralho diz:
quem matou Odete?
Odara Perla diz:
a Leila, mulher do Marco Antônio.
Amon Raralho diz:
rsrsrs
Amon Raralho diz:
sério?
Odara Perla diz:
sim...
Odara Perla diz:
ela achou que quem tava atrás da janela era a amante do Marco Antônio.
Odara Perla? Amon Raralho? Na verdade somos eu e o Frank. Entre aqui e faça seu nome de "filho da Baby Consuelo".
PS: Ainda sou do tempo em que Baby do Brasil se chamava Baby Consuelo.
PS2: Hoje é sexta-feira, as idéias me fugiram...
30 é o novo 20
Fazer trinta anos não é uma perspectiva muito agradável. A gente se assusta, e se assusta bastante. Depois, como tudo na vida, a gente se acostuma. E vê que aquilo não era nenhum bicho-de-sete-cabeças. Grande parte da humanidade adora fazer drama antes do tempo. Morrer de véspera, que nem peru de Natal.
A gente percebe o quanto é bobo se desesperar com a chegada dos trinta quando se dá conta da época em que vive. Lembra daquela propaganda que dizia “incomodada ficava a sua avó”? Antigamente, sim, as pessoas tinham motivos para temer essa mudança de idade. As balzaquianas já estavam se encaminhando para a velhice. Hoje, a nossa juventude dura muito mais. Ninguém precisa se sentir velho, só porque está entrando na sua terceira década de vida.
É claro que a gente precisa ter senso crítico. Não existe nada mais feio do que uma pessoa bancar o adolescente a vida toda. Já existe o Chorão do Charlie Brown Jr., não precisamos de mais gente assim! Aliás, eu me pergunto quando é que essa criatura vai crescer – se é que vai, um dia. Acho patético.
Os balzaquianos podem continuar a usar all star, a jogar vídeo-game, a pintar os cabelos de cores berrantes, se assim quiserem. Podem ler Harry Potter, podem curtir o mesmo tipo de música que ouviam na adolescência, e até sair todas as noites (se tiverem fôlego para isso). Não existe limite de idade para fazer o que se gosta. O grande lance é ter uma certa moderação, um certo bom-senso. É meio complicado, mas aos poucos a gente consegue se encontrar e perceber o que ainda faz sentido, o que ainda queremos na nossa vida.
Saber que não somos velhos, que ainda temos tempo para dar um jeito na vida, que já temos uma certa maturidade é a melhor parte de fazer trinta anos. A parte ruim é ter a consciência de que ainda existem algumas pendências. Mas isso faz parte da vida, por mais clichê que seja. Ninguém vira balzaquiano sem questionar nada. Até o Chorão deve ter suas dúvidas. Pena que ele chateie todo mundo, tentando entendê-las...
Fazer trinta anos não é tão fácil, nem tão difícil, nem tão bom, nem tão ruim. É quase como entrar de novo na adolescência e ter que descobrir, outra vez, o que se quer e o que se é.